É o que afirma uma equipe de cientistas.
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Legenda: Besouro foi um dos insetos que mudou o comportamento na iminência de uma chuva (crédito: Divulgação)
Esqueça a mocinha do tempo. Quer saber se vai chover, observe o comportamento dos insetos. Pode demorar um pouco para entender a lógica, mas é batata: se eles pararem de namorar, é porque vem chuva por aí.
A descoberta foi feita por um grupo de pesquisadores brasileiros e canadenses que publica o trabalho na edição desta quinta da revista PLoS One. A pesquisa com todo o jeitão de Ig Nobel — a paródia do Nobel que destaca estudos “que primeiro fazem rir e depois pensar” – testou a ideia de que os animais, na natureza, sabem quando o tempo vai mudar.
Trabalhando com três ordens distintas de insetos (besouros, pulgões e mariposas), os cientistas observaram que eles modificam seu comportamento de acasalamento quando ocorre uma alteração na pressão atmosférica — um sinal iminente de chuva ou ventania que meteorologistas conhecem há bastante tempo. A equipe, liderada pelo entomólogo José Maurício Simões Bento, da Esalq/USP, observou que, se a pressão cai, os bichos param tudo o que estão fazendo, provavelmente para buscar algum lugar para se esconder.
A mudança foi observada tanto em condições naturais quanto em um experimento controlado. No primeiro caso, conta Bento, os pesquisadores ficavam acompanhando as condições atmosféricas do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) e, quando a pressão caía ou subia, eles observavam os insetos. Os testes também eram repetidos em condição de pressão estável, para controle.
Usando um “olfatômetro”, instrumento que mede a resposta de insetos a odores, os pesquisadores viram que machos de besouro da espécie Diabrotica speciosa expostos a feromônios das fêmeas mostravam menos movimentos e interesse sexual quando a pressão caía.
Em outro grupo, viram que mesmo em contato com as fêmeas, machos não se esforçavam muito na côrte, e mesmo no acasalamento eram mais rapidinhos, sob pressão atmosférica em queda, o que pode ser explicado como um senso de morte iminente. Para o pesquisador, a perda do interesse antes de uma tempestade pode ser uma adaptação evolutiva que reduz a probabilidade de se ferir ou morrer.
Também foi avaliado o comportamento das fêmas em atrair os machos. E tanto para as mariposas quanto para os pulgões, houve redução do chamado e, por consequência do acasalamento, quando a pressão mudava.
A prova definitiva veio com o experimento controlado. Na Universidade de Western Ontario, no Canadá, os pesquisadores conseguiram repetir os experimentos dentro de uma câmara barométrica, onde era possível controlar a pressão, e os resultados foram semelhantes.
“O fato de três espécies tão distintas terem apresentado essa mudança no comportamento sexual diante de alterações na pressão do ar nos permite generalizar e dizer que todos insetos têm essa capacidade de detectar a alteração e responder a um potencial mau tempo”, afirma Bento. “Como estavam em laboratório, os nossos insetos só ficavam parados, mas na natureza, ao perceber que o tempo vai virar, eles se escondem e conseguem sobreviver às condições adversas.”
Ele diz acreditar que esse comportamento pode ocorrer em vertebrados e que a metodologia desenvolvida com a câmara barométrica pode servir para que o experimento seja replicado com outras espécies.
A descoberta foi feita por um grupo de pesquisadores brasileiros e canadenses que publica o trabalho na edição desta quinta da revista PLoS One. A pesquisa com todo o jeitão de Ig Nobel — a paródia do Nobel que destaca estudos “que primeiro fazem rir e depois pensar” – testou a ideia de que os animais, na natureza, sabem quando o tempo vai mudar.
Trabalhando com três ordens distintas de insetos (besouros, pulgões e mariposas), os cientistas observaram que eles modificam seu comportamento de acasalamento quando ocorre uma alteração na pressão atmosférica — um sinal iminente de chuva ou ventania que meteorologistas conhecem há bastante tempo. A equipe, liderada pelo entomólogo José Maurício Simões Bento, da Esalq/USP, observou que, se a pressão cai, os bichos param tudo o que estão fazendo, provavelmente para buscar algum lugar para se esconder.
A mudança foi observada tanto em condições naturais quanto em um experimento controlado. No primeiro caso, conta Bento, os pesquisadores ficavam acompanhando as condições atmosféricas do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) e, quando a pressão caía ou subia, eles observavam os insetos. Os testes também eram repetidos em condição de pressão estável, para controle.
Usando um “olfatômetro”, instrumento que mede a resposta de insetos a odores, os pesquisadores viram que machos de besouro da espécie Diabrotica speciosa expostos a feromônios das fêmeas mostravam menos movimentos e interesse sexual quando a pressão caía.
Em outro grupo, viram que mesmo em contato com as fêmeas, machos não se esforçavam muito na côrte, e mesmo no acasalamento eram mais rapidinhos, sob pressão atmosférica em queda, o que pode ser explicado como um senso de morte iminente. Para o pesquisador, a perda do interesse antes de uma tempestade pode ser uma adaptação evolutiva que reduz a probabilidade de se ferir ou morrer.
Também foi avaliado o comportamento das fêmas em atrair os machos. E tanto para as mariposas quanto para os pulgões, houve redução do chamado e, por consequência do acasalamento, quando a pressão mudava.
A prova definitiva veio com o experimento controlado. Na Universidade de Western Ontario, no Canadá, os pesquisadores conseguiram repetir os experimentos dentro de uma câmara barométrica, onde era possível controlar a pressão, e os resultados foram semelhantes.
“O fato de três espécies tão distintas terem apresentado essa mudança no comportamento sexual diante de alterações na pressão do ar nos permite generalizar e dizer que todos insetos têm essa capacidade de detectar a alteração e responder a um potencial mau tempo”, afirma Bento. “Como estavam em laboratório, os nossos insetos só ficavam parados, mas na natureza, ao perceber que o tempo vai virar, eles se escondem e conseguem sobreviver às condições adversas.”
Ele diz acreditar que esse comportamento pode ocorrer em vertebrados e que a metodologia desenvolvida com a câmara barométrica pode servir para que o experimento seja replicado com outras espécies.
*Fonte:
http://blogs.estadao.com.br/ambiente-se/insetos-meteorologistas/